Roberto Birindelli fala de ‘Império’ e das cantadas nas redes sociais: “São super criativos, me divirto”.
Rodrigo - O que você tem feito durante a pandemia?
Roberto - No início de 2020, eu tinha terminado de filmar "La Teoria dos Vidrios Rotos", no Uruguai, e vim para o Rio para as gravações de "Nos Tempos do Imperador". Tinha um intervalo. O personagem iria entrar no primeiro capítulo e depois teria um intervalo de um mês. Então, após 8 anos sem férias, planejei uma viagem pra Europa com Carlo, meu filho. Na verdade, não era só férias, eu tinha feito o filme "Loop", de Bruno Bini, com Bruno Gagliasso, que iria passar nos festivais de Porto e Manchester. Com o agravamento da crise da pandemia, precisei adiantar a volta para o dia 19 de março e vim direto para a quarentena. É um momento de avaliação, de introspecção, questionamento e busca da própria essência. Acho que sairemos bastante modificados. Mais do que pensar – para repensar, ressignificar. Tenho sentido muito mais falta das pessoas do que de viagens, consumo, e demais coisas periféricas. Leio, assisto séries, lavo roupa, faxina, cozinho. Busco não automatizar, não me habituar a uma rotina, para que o novo tenha caminhos mais fáceis para se revelar. Penso, leio, escuto, me informo. Então, muita coisa deve mudar: sejam hábitos de consumo, a maneira como nos relacionamos com o outro e com o meio.
Rodrigo -.Como você lidar com os elogios, que não são poucos, nas redes sociais?
Roberto - Eu curto, tem uns que são super criativos, me divirto. Como sempre, estou arriscando muito no tratamento e construção dos personagens, claro que fico inseguro, então todo retorno ajuda!
Rodrigo - Você tem acompanhado a reprise de "Império"?
Roberto - Sim! Fiquei muito feliz com a reprise, sempre recebia mensagens nas redes sociais perguntando quando essa novela voltaria à telinha. Está sendo legal rever essa história no momento tão diferente em que estamos passando. "Império" tem a complexidade e detalhamento do texto maravilhoso do Aguinaldo e o cuidado visual e de acabamento do Papinha. A maior lição que a gente aprende é que o sucesso vem do suor.
Rodrigo - Esse tempo livre para assistir à novela, sem toda aquela correria das gravações, tem sido proveitoso? Você é daqueles atores que analisa o próprio trabalho em cena?
Roberto - Sensações diferentes. Vejo como o tempo passou e a realidade do país e do mundo mudou. Fico olhando as cenas e me apontando o que poderia ter melhorado. Adoro rever os amigos e colegas de cena!
Rodrigo - o que o público ainda pode esperar de sua participação em "Nos tempos do imperador"?
Roberto - O General Solano López é filho do então Presidente do Paraguai, e entrará em conflito com D. Pedro II (Selton Mello), o que desencadeará a Guerra da Tríplice Aliança, ou a Guerra do Paraguai. Solano aparece no primeiro capítulo, onde os conflitos são apresentados, e depois entra efetivamente na segunda fase. A primeira parte da novela é centrada no período escravagista, depois a história vai focar na Guerra do Paraguai, e haverá batalhas. Fiz vários longas de época, mas nunca feito tinha uma novela com essa temática. O texto de Thereza Falcão e Alessandro Marson é delicado e preciso. Gosto do desafio de apresentar a história e suas versões, tendo em vista, que cada país tem sua própria narrativa.
Rodrigo - Você já tem algum trabalho ou projeto à vista?
Roberto - Estão previstos os lançamentos de vários longas que fiz este ano. Tem "Águas Selvagens", de Roly Santos, uma coprodução Brasil/Argentina, onde faço o protagonista; além dos longas "Human Persons", de Frank Spano, uma coprodução EUA, Colômbia, Brasil e a produção uruguaia "La Teoria de los Vidrios Rotos", de Diego Fernández. O longa nacional "Garota da Moto", de Luis Pinheiro, acabou de estrear nos cinemas. Tenho convites para filmar no exterior assim que a novela acabar. Acabei de filmar no Panamá o longa, onde interpreto o pintor Gauguin, dirigido por Frank Spano chamado "Gaguin e o Canal". Também tenho planos de começar as obras do centro cultural na Gávea e estou desenvolvendo roteiro de uma série.
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