Luana Xavier fala da carreira e da nova temporada de "Sessão de terapia".

Acervo pessoal 

Em entrevista à coluna, Luana Xavier fala do papel de destaque na quinta temporada de "Sessão de terapia", da carreira e do engajamento nas redes sociais:

Rodrigo - Luana, como foi fazer "Sessão de terapia", interpretando uma personagem que carrega uma história semelhante à sua? Foi difícil pra você ou você se sentiu em casa, pra falar?

Luana - Preciso ser muito honesta em dizer que o desafio para atriz é ainda maior em uma situação como essa. Porque a gente empresta nossa voz e nosso corpo para a personagem, mas quando as pessoas assistirem eu quero que elas vejam a Giovana, os conflitos dela, seus sonhos e desejos e não os meus. Então se existe uma missão da Luana “pessoa física” nessa série é que as pessoas olhem e enxerguem a Giovana. E por conseguinte, a missão da Giovana é trazer pro público reflexões sobre as consequências da obesidade e sobre ser muito importante a gente cuidar da nossa saúde ao invés de estarmos preocupados em nos encaixar em determinados padrões estéticos.

Rodrigo - A gente que transita por esse mundo virtual, e acompanha seu trabalho nas redes sociais, vê que você não foge da raia, e está sempre debatendo temas importantes. Como você lida com esse processo, com as críticas, e claro com os inúmeros comentários positivos à essas temáticas?

Luana - Eu costumo dizer que se expor nas redes sociais tem o ônus e tem o bônus. Mas sendo uma mulher, negra, gorda, de religião de matriz africana , nascida na periferia do Rio de Janeiro e artista, lutar socialmente não é só uma missão , é uma condição de vida. Nós pessoas pretas, no Brasil, lutamos pelo direito de existir. Porque em uma sociedade racista, machista, classista e absolutamente desigual, pessoas como eu são enxergadas como descartáveis e não merecedoras de ocuparem determinados espaços. Quando casos de racismo vêm a público, por exemplo, não só eu me cobro um posicionamento, como muita gente que me segue também cobra isso de mim. E eu decidi que não falarei sempre sobre tudo. Porque tem vezes que estou fragilizada, sofrida e não é justo com minha saúde mental que eu ultrapasse determinados limites. Mas quando alguém vem na minha página e me diz que um vídeo meu a fez refletir por outro prisma ou que uma fala minha tocou profundamente o seu coração, eu então me lembro o quanto expor meus pensamentos, angústias e sonhos é importante. Se eu hoje em dia tenho uma certa projeção na mídia preciso usá-la de forma positiva e pensando sempre no coletivo. Porque cada passo e cada conquista de uma mulher preta nunca é individual, é sempre coletiva.

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